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Sex, 18/06/10

Patrício Langa é o sociólogo moçambicano que escreve no Bandhla, e que se define com uma citação de Pierre Bourdieu: “O sociólogo tem a particularidade, que nada tem de privilégio, de ser aquele cuja tarefa é dizer as coisas do mundo social, e de as dizer, tanto quanto possível, como elas são: nisso, nada há que não seja normal, ou até mesmo trivial"

 

No seu blog, Patrício Langa tem publicado textos "da autoria do mais criativo e exímio sociólogo que Moçambique alguma vez teve, Elísio Macamo" cujo raciocínio parte do caso dos desmaios de alunos de uma escola, sobre os quais o povo dizia ser resultado de ter a escola sido construída sem consulta dos espíritos do clã local.

 

A leitura destes textos é um deleite, pela lucidez e pela forma sucinta, limpa, de expor cada ideia. Deixo um parágrafo que ilustra uma situação social paralela e em tudo semelhante à que é tratada nesta tese. Para ler tudo, é visitar o Bandhla.

 

"Estava eu a fazer as minhas pesquisas na periferia da cidade do Xai-Xai – em 2004/05 – quando acompanhando uma brigada de técnicos da Empresa de Águas presenciei um diálogo interessante entre os técnicos e os membros duma comissão local de administração e manutenção dum fontanário. A Empresa de Águas é que tinha construído o fontanário há alguns meses e tinha tido o cuidado de formar alguém para fazer a manutenção. Algum tempo após a entrada em funcionamento do fontanário deixou de sair água. Consequentemente, o fontanário ficou vários meses inoperacional para grande incómodo dos moradores da área que tiveram de percorrer longas distâncias para se abastecerem de água. Os membros da comissão explicaram aos técnicos das Águas – ao jeito de alguns jornalistas e cientistas sociais – que a população dizia que o fontanário não funcionava porque um espírito local estava zangado por não ter sido consultado na altura da instalação. Os técnicos – que aparentemente não são população – perguntaram se a comissão havia feito a manutenção conforme recomendado, ao que estes responderam afirmativamente. Essa manifestação consistia em limpar o filtro que chupava a água do poço. Os técnicos retiraram o filtro para verificarem e constataram que este tinha sido colocado ao contrário após a limpeza. Resultado: só puxava areia. Recolocaram-no e a água jorrou límpida e fresquinha."

 

Elísio Macamo (População I)



Uma amiga moçambicana falava-me há dias do que significa para os moçambicanos a expressão "Maning Nice". Desde então procuro compreender esta singularidade...
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